Coisa de preto
Filipão mcCoisa de preto, né?
Ser oprimido, corrompido e ser julgado
Uma buzina na hora da entrevista e deixar o âncora rico bolado
Coisa de preto. Nadar, nadar, nadar e morrer no leito do rio
Pois quem trás marcas de correntes no tornozelo
O mar é liberdade de espírito
Coisa de preto, correntes contra correntes unidos em oração
Independente das crenças era só mais um pedido de libertação
Pois era mais um agonizando nas presas de um chicote cortante
No tronco onde clamava por um perdão
Coisa de preto, senzalas, açoites, dor e muita aflição
Ódio pela cor, intolerância racial sem espaço pra argumentação
É dente arrancado, avaliado vendido como cavalo, o preço
Nem era alto, a liberdade física era um sonho, imagina a liberdade de expressão então
Coisa de preto, sofrimento, tratamento desumano, o feitor e o desespero
Cativo, cativeiro, prepara mais uma feira livre, pois acaba de chegar no porto
Um navio negreiro
Mercadoria, venda troca, passa pra lá, você vem pra cá
Assim era as coisas de preto, da carne, do sangue no cálice
Éramos isso mercadoria sem valor, almas sem amor e sem cor
Era a boca que não se podia nada falar
Coisas de preto, tiro na nuca, ferida aberta, felicidade acordar no outro dia
Mesmo que fosse pra sonhar com a carta de alforria
Fugir era impossível, fuga pro quilombo mas tarde negro eu te aviso
100 chibatadas e 3 noites sem água pro escravo fujão, era a sentença da burguesia
Coisa de preto, até hoje agente foge dessa situação
No futebol gritam macaco, no shopping ele é parado
Na faculdade as cota Né? Sem elas sem chance de integração!
Isso é revolução, evolução? Só se for pros de cor de ouro porque
Pra negro, moreno, escurinho, preto, como você quiser, pra nós não é não
400 anos após e eu aqui falando de coisa de preto
Chega a ser ilusório o dia em que não haverá mais racismo, preconceito
Onde a fala será o preto alcançando o lugar de preto e fazendo coisa de preto
Direito iguais, liberdades iguais, domínios iguais, e não ser dominado e submisso
Isso é coisa de preto
Na propaganda tendenciosa, é coisa de quem, ser a empregada?
E coisa de quem ser o chefe do morro?
É coisa de quem ser a carregador d’água?
Nas novelas é coisa de quem? Isso é coisa de preto
Tem que ser do preto, é o papel do preto, ele nasceu pra isso
Dirigir carro de luxo só se for roubado, ou contratado pra segurança de artista famoso
Com medo de ser assediado, põe logo um negão de dois metros, todo mundo tem medo
De um desses aí, eles não são educados
Um livro, ser empresário, ter sonhos e ser bem sucedido
Vichss,, foge totalmente das sina prevista pra quele menino
Ta sedo ainda pra ele entender, que por ele faz coisa de preto
Ou seja, ser preto, pra ele será sempre o mínimo do mínimo
Ainda bem que existe a arte, a cultura, desvalorizada e pré conceituada
Mais existe, o berimbau o atabaque, a roda de negro reunido, na luta pra sobreviver
Em meio a paz desfigurada!
Guando eu venho de Luanda aeh,, não veio só
Guando eu venho de Luanda, aehh, não venho só!
Canta zumbi dos palmares, canta a liberdade do povo que vive a esperança
Serra da barriga, quilombo de guerreiros, refugio para os que sonha
Grita liberdade e independência
Por que a ordem e o progresso, se afogaram na lama!
Coisas de preto
A mais certa de todas elas, é que continuaremos aqui
Fazendo coisas de preto até que um dia isso chegue ao fim
Seu racismo, seu preconceito contra todos esse povo, contra mim
Só calaremos guando a liberdade pra viver, liberdade de viver
Estiver tão em alta quanto sua ignorância proposita
Enxergar todos como um todo, sem divisão social, racial, intelectual
E com direito de resposta
Aeeh, lembra sempre, temos nossos valores, temos nossas qualidades
E faremos um fardo pra vocês todos cor de rosa, avelã e azul claro!
A resistência, a luta e liberdade pelo nossos direitos
E tenham ciência, do que vocês iram dizer, guando verem que
Deus é, cinza, amarelo, pardo, índio Deus é preto!
Paz