Samba da fronteira
Flávio vasconcelosO samba é esse
Eu não vou marcar a fronteira
Eu não vou marcar
Eu tô aqui pra poder juntar
Samba de moleque brincadeira
O batuque da Limeira
Vem ao Tejo desaguar
Ai se o que parece fosse duro
Se falar fosse um apuro
Do medo de censurar
Toda e qualquer dita fronteira
No fundo é uma maneira podre pra nos separar
Mas somos cientes que as sementes
Desse mundo há descendentes do aqui e do acolá
Não vou aceitar que nada, nadinha
Cale a minha maneira
De te falar
Que eu vim aqui pra poder juntar
Quem conserva a dor tanto padeço
Que o corpo logo se esquece
De emergir e respirar
Fica a lamentar da violência
Que é só fruto da demência
De quem vive a separar
Mas cravo vermelho não se esquece
Que o futuro ainda merece
A igualdade conquistar
E tudo que é totalitarismo
Vai cair num grande abismo
Para nunca mais voltar
Vou te implorar
Me dê tua mão vem pra cá dançar
Que essa vida é pra se encantar
Canto pelas não sei quantas mortes
Dos naufrágios e boicotes
Acidentes só que não
Marcas de uma estranha integração
Que há débitos no coração
Que ninguém quer considerar
Ai se a lei dos homens fosse justa
Muito do que nos assusta
Poderia nos salvar
E toda bandeira ia ser poeira
Iria adubar nova maneira
De todos nos libertar
Vou te contar
O samba é esse
Eu não vim causar desavença
Não vim causar
Mas a carapuça é pra se usar