O velho do saco
Frederico vianaPois na mesa que tem o que sobra é resto e na mesa que falta a sobra vai bem
O velho do saco, de lixeira em lixeira, percorre a cidade
Não tem documento, não conta na conta da tal sociedade
O velho do saco que a gente destrata empostando a voz
É sujo por fora, mas tem sua alma mais limpa que nós
O velho do saco aparenta perigo na estampa que trás
Mas é gente boa, tem até um cachorro a quem chama de Paz
O velho do saco aparenta perigo na estampa que trás
Mas é gente boa, tem até um cachorro a quem chama de Paz
O velho do saco margeando a BR tem um ranchinho de lata e cartão
Quem passa de carro enxerga a pobreza sem ter a nobreza de estender a mão
O velho do saco apesar de seus trapo é muito decente
Pois há muito safado que anda bem trajado enganando a gente
O velho do saco que a gente destrata empossando a voz
É sujo por fora, mas tem sua alma mais limpa que nós
O velho do saco aparenta perigo na estampa que trás
Mas é gente boa, tem até um cachorro a quem chama de Paz
O velho do saco aparenta perigo na estampa que trás
Mas é gente boa, tem até um cachorro a quem chama de Paz
Ninguém é tão sujo que turve a água da ponte
Ninguém é tão limpo que a deixe mais pura
Somos humanos no mais, do criador à pior criatura