Na surdina
FreelosofiaNa surdina, a maldade até assusta
onde a brisa que se busca
Não é a mesma que o vento traz
Milhares fogem dos lares
lábios discordam de olhares
pilares são derrubados por atos tão triviais
Mas, quando escurece, me esclarece várias fita
Minha mente aflita fica, escuto quando a alma grita
Ela suplica, pelo fim desse absurdo
É como um grito mudo, pra um ouvido surdo
Até confuso, inverte uns fuso-horário
solta uns parafusos, é hilário
Até parece abuso
querer deixar de ser otário
Correr atrás do necessário, jão, não o contrário
É foda ver que um solitário não é nada extraordinário
Chora, mas quer sorrir
Sorri, mas quer chorar
E é só ver a lágrima pingar
E já procura alguém pra culpar
Perdido e iludido, entre conflitos e malícia
A vida louca é uma delícia
Enquanto não chega a polícia
Na zona sul Grajaú, doutor
Quem se envolve acha que o revolver
resolve toda sua dor
É como um filme de terror, sem cor
Onde a realidade é o ódio
E ilusão é viver com amor
Tensa trama
Droga, dama e grana, seduz os loucos
Que no escuro esquecem da luz
De capuz no frio da noite
A morte rasteja a foice, e foi-se
Mais um que pra vida só disse: foda-se
Cheio de B.O., só o pó, com as pernas fartas
De vagar pelas vielas do lado dos vira-latas
Só acata o que maltrata quem não
Aprende com o tropeço
E só de estar vivo, mano, à Deus eu já agradeço
E pode pá, nessa selva de cimento
Quem não apruma suas virtudes se acostuma
Tanto com o sofrimento
O que não pode é o que você quer
Só se fode feito um Zé
Durante o gastar da sola o que assola é falta de fé
E é indispensável a experiência, e a ciência que
Escolher casar com a causa não isenta de consequência
Eae, não se esqueça que você
Também é parte do mundo
E move o mundo ao se mover
Na zona sul Grajaú, doutor
Quem se envolve acha que o revolver
resolve toda sua dor
É como um filme de terror, sem cor
Onde a realidade é o ódio
E ilusão é viver com amor