Verdades do sertão
Gabi poraíSertanejo a galope vara até a morte o seu couro sem dor
Bóia fria come carne seca e uma criança olha com sabor
Jardineiro fofa a terra e na semente joga todo o seu labor
E lá vai de novo a boiada que na vaquejada é lançada
Vai o imigrante de pele queimada a procura de uma nova estrada
Sem dinheiro, nem morada, sem um lar sem nada
de mãos calejadas
Vê uma flor que nasce da terra molhada e rasga o céu dizendo Amém
Anda o tempo, correm pernas, olhos abrem vendo calos já sem dor
E quando a chuva cai, o sol brilha no fundo de um coração sofredor
E aquela dita esperança assenta o voo
no chão que muito já chorou.
Boiadeiro engorda o gado, sertanejo volta e faz o seu louvor.
Bóia fria arranja mais trabalho e o jardineiro canta a sua flor.
E o cinza torna-se um arco-íris, contrastando o tempo e trazendo a cor
Daquela dita esperança que assenta o voo nas mãos de um trabalhador.
Anda o tempo, correm pernas, olhos abrem vendo calos já sem dor
E quando a chuva cai, o sol brilha no fundo de um coração sofredor
E o cinza torna-se um arco-íris, contrastando o tempo e trazendo a cor
Daquela dita esperança que assenta o voo num cháo que muito já chorou.