No olhar de um anjo
Gil zagrebAproximou-se do meu carro uma menininha, mais ou menos doze anos de idade
Ela trazia um bebe em seu colo, tão pequeno e mal agasalhado
Eu notei que ele estava descalço, e apenas num velho cobertor enrolado
Ela olhou nos meus olhos e disse, seu moço pode me ajudar
Meus irmãozinhos estão em casa com fome, e minha mãe não pode mais trabalhar
Meu pai e um pobre coitado que só anda jogado na porta de um bar
Depois que perdeu o emprego não teve sossego, da dó de olhar
Minha mãe trabalhou de empregada domestica, hoje recebe uma pequena pensão
Ela pegou uma doença nos seios teve até que fazer operação
Nunca mais pode trabalhar e o que ganha mal da para o pão
Sou a mais velha da minha casa, fora esse tenho três irmãos
Naquele momento eu notei, a cegueira da sociedade
Que fecham os vidros e os olhos pra esse inocentes, que perambulam por essas cidades
Nos imails falando da fome no mundo, que repassamos e vemos como ficção simplesmente pagamos nossos impostos e como pilatos lavamos a mão
Hoje vejo gente tratando animais como crianças, e crianças como animais
Eu choro quando lembro daqueles olhinhos, e aqueles dois anjinhos, não esqueço jamais