Reclama a moça
Giordano brunoE ao mesmo tempo o rapaz também reclama
Reclama a moça que não acha um casamento
E ao mesmo tempo o rapaz também reclama
Só peço a Deus que me dê felicidade
Pra eu amar um coração que me ama
Só peço a Deus que me dê felicidade
Pra eu amar um coração que me ama
O menino se arruma, se despede do seu pai
Ele quer ver a mocinha que do pensamento não sai
O pai diz vai lá, meu fi, vê se não se ademore
Nove hora teja em casa antes que sua mãe se apavore
A mocinha já sabendo que o rapazote vem vindo
Bota fita no cabelo põe seu vestido mais lindo
Se debruça na janela, dá tchauzim e manda beijo
Aí que deixa o rapaz suspirando de desejo
Todo dia é a mesma coisa até que ele cria coragem
Bate na porta da moça e escuta uma voz bem selvage
Perguntando de dentro de casa: Quem é que tá no portão?!
O rapaz morrendo de medo faz carreira e móia os calção
A mocinha acha graça mas gostou da atitude
Esse cabinha é corajoso
Tomara que nunca mude
Todo domingo na missa mais se olham do que rezam
É o mior dia da semana tanto pra ele quanto pra ela
Os dois morrem de vontade de ao menos se falar
Mas falta oportunidade de sozinhos se encontrar
Reclama a moça que não acha um casamento
E ao mesmo tempo o rapaz também reclama
Reclama a moça que não acha um casamento
E ao mesmo tempo o rapaz também reclama
Só peço a Deus que me dê felicidade
Pra eu amar um coração que me ama
Só peço a Deus que me dê felicidade
Pra eu amar um coração que me ama
Zé Estênio tem uma ideia
Resolve mandar um recado
Vai diz Maria pra ela que com ela eu até me caso
Natalícia fica contente mas tem medo da reação
De seu pai Stanislaw de Madrinha de Ciço e de João
Stanislaw lhe responde, diz pra esse cabrinha atrivido
Que prepare um bom discuso que agrade bem meus ouvido
Se vier com conversa feia
Se eu ver que ele tem malícia
Mando lhe dá uma corsa e nunca mais ele vê Natalícia
Logo chega o grande dia
Zé Estênio muito nervoso faz promessa ao Padim Ciço
Ô, meu santim milagroso
Me ajude a ganhar essa moça, é tudo o que eu lhe peço
Prometo cantar no reizado, dançar fita e fazer verso
Chegando na casa da moça, Stanislaw le recebe
Diga o que ocê pretende com a, minha fia, fale não negue
Zé Estênio logo responde: É a mior das intenção
Quero casar com sua fia, ó meu senhor me dê sua mão
Trabalho duro na roça caçando e vendendo pequí
E sou mior mestre de reizado que nasceu no Cariri
A minha fita incandeia, a minha voz é mais potente
E tenho todas as codição: Sou honesto, honroso e valente
Reclama a moça que não acha um casamento
E ao mesmo tempo o rapaz também reclama
Reclama a moça que não acha um casamento
E ao mesmo tempo o rapaz também reclama
Só peço a Deus que me dê felicidade
Pra eu amar um coração que me ama
Só peço a Deus que me dê felicidade
Pra eu amar um coração que me ama
Até que gostei da conversa seu moço, mas tome cuidado
O que ocê tá me pedindo é um assunto bem delicado
Pois eu lhe faço um desafio: Invente uma rima agora
Se errar só uma palavra pode dar as costas, pode ir embora
Zé Estênio sem dá nem tempo de Stanislaw terminar
Fala: Rima que rima, rima e rima é pra se rimar
Eu rimo pois tenho rima, rimo com o que eu quiser
Rimo inté com sua fia que vai ser minha muié
Stanislaw convencido diz: Vou lhe dar permissão
Pode marcar casamento que eu lhe dou a minha benção
E esse reclame de amor é uma história inventada
Inpirada no meu tio avô e nos filhos da chapada
Que um dia ouvir cantar com a voz rouca já cansada
No canto da sua casa onde nosso senhor já faz morada
Natalícia não mais reclama pois achou seu casamento
Reclama hoje da saudade do amado tio Zé Estênio
Zé Estênio a sua arte jamais será esquecida
Pois carrego o seu violão e prossigo sua cantiga