Lutar É preciso
Gíria vermelhaDe pé famélicos da terra,
Da ideia, a chama já consome
A crosta bruta que assoterra.
Se for pra mim morrer e ter que nascer de novo
Eu prefiro ser novamente o que eu sou
Por isso eu vou escrevendo a minha própria história
Entre pedras e espinhos que no caminho rola
Do núcleo do meu crânio algo me pertuba
Meu coração em conexão com os meus olhos me diz
"Vai à luta, pois teu povo é pobre e sofre,
Se comover qualquer um se comove.
Então, mova-se pra ver se a coisa muda!"
A arte pela arte para nós é surda e muda não.
Não, não fede e não cheira
Pra periferia tem que ir pra lixeira
Se no Zaire um corpo sem vida cai
Se na faixa de gaza um palestino do Hamas vai
Explodir o próprio corpo não é que seja louco
É a paz que está em jogo infelizmente
A guerra será seu ventre
Sente um cheiro podre no ar, a paz da USA
Mortalha armada pra pobre que sofre a ONU
Há muito tempo perturba o sono
De quem não compactua com os planos tiranos do Tio Sam
Novamente foi covarde
Irã, Iraque, Hiroxima, Nagashaki, Líbano
Deus livra-nos do mal que se aproxima,
Do mal que prega a paz e gera carnificina, Não!
Ditaduras, bombardeios novamente Deus não veio
Salvar aquele velho de turbante
Que pros cus de olho azul do ocidente é ignorante
Amante da guerra, fanático.
Eu tô com o povo palestino e não abro.
Pra quem perdeu se filho acredite
Enfrentando armas pesadas com estilingue
Ato heróico e sublime: palmas!
Pra burguesia fanatismo: calma!
Palavras são palavras , atitude é atitude
Kofi Anan, renagada negritude
Negro, branco, índio,mulheres, homens: uni-vos
Ó vitimas da fome
Dé pé o vitimas da fome
De pé famélicos da terra
Da ideia a chama já consome
A crosta bruta que assoterra
O meu nordeste há muito tempo é manchete
No lixão do Irmã Dulce um pivete quase morto
Só pele e osso, se arrastando pois o crânio é muito grande
Para o seu franzino corpo.
Pareço louco, mas não sou louco
Olha só que jogo:
Meu mano nasceu coxo e movimenta-se com os foxos
Mas sua mãe ora e chora todo dia
Seu sonho de papel só chove covardia
Mundão em crise ponta à ponta na gangorra
Cajapior, saca só que vida louca
Prêmio Nobel da miséria onde a paz agoniza
E muitos se alimentam com manga e farinha
- Aê, turista, bate a foto.
Miséria absoluta, só não ver quem não quer
Ou quem bebeu cicuta.
Família Ferrabraz, Sarney finge que esquece
Maranhão de ponta à ponta é pior que Bangladesh:
É febre amarela é meningite, é cachumba
Ê, povo sofrido, poder filha da....
Mas não é isso que eu vejo na Mirante
Um mundo rosa pendurado num podre barbante
Imagem cênica, da moça cínica
O gás sonífero maligno e mortífero
Televisível em alto nível é um absurdo, mas
O seu dinheiro estava lá nos malotes da Lunus
A culpa é minha? É sua? É nossa?
Infelizmente alguns se vendem, ai é foda
Mas, minha família é de rocha e não abre
Quilombo Urbano faz da guerra uma arte
Com banho de sangue , na benção do padre
Na cruz ou no punhal me diz então quem sabe:
Quantos quilates vale a liberdade dos homens?
Ó vitimas da fome!
Ó vitimas da fome!
Dé pé, ó vítimas da fome,
De pé famélicos da terra,
Da ideia, a chama já consome
A crosta bruta que assoterra.