Temporal na fronteira
Grupo galpão do pampaE o paisano anuncia que vai haver temporal
E a chuva vem da divisa, fria, nunca vi igual
Branqueia o campo do fundo peleteando o pastiçal
A lida se apronta cedo, logo se acende os "tição"
Enquanto chove lá fora desencilho no galpão
Contraponteando o aguaceiro vai correndo o chimarrão
Água na cambona preta chia no fogo de chão
O gado berra no campo, o céu escuro de fato
Na trilha, toda boaida procura um capão de mato
Se cruzam nuvens no céu estremecendo o alambrado
Línguas de fogo se espalham atorando o aramado
Palanque de cerne puro, a capricho falquejado
Ficam por terra no chão só em cinza sapecado
O vento forte assovia na quincha do galpão grande
O homem se apega a Deus na força do próprio sangue
Parece que o céu vem abaixo e o mundo vai terminar
O índio tem que ser taura num temporal de arrasar
O gado berra no campo, o céu escuro de fato
Na trilha, toda boiada procura um capão de mato