Balança torta
Guaraná soulA balança me parece torta
Mas ninguém se importa
Se eu penso ou acho
Só assino embaixo
Com meu polegar
Por ser calado
Nascido e educado
Do lado de fora
Onde homem não chora
Onde o pau é mandado
Onde vão heróis armados
E escoltados numa liminar
Eu não quero desacatar vossa excelência
Muito menos impugnar vossa decisão
Só quero confessar que minha inocência
Matei há anos por não ter outra opção
Mas sei de cada peso pago em minha consciência
Como o senhor sabe os pesares do seu coração
Faltou emprego
E quando teve emprego
Me faltou preparo
Paguei o meu dinheiro
Com trabalho caro
Vi calado o meu salário
Tributar para um ladrão
Faltou decência
E nessa decadência
Não teve recato
Sobrou a violência
De rei contra rato
E a coerência
Escorreu pelo ladrão
Sei que fome não atenua delinquência
Sei que a ausência é problema do meu próprio pão
Que cada ato vale a sua consequência
E a frequência amadurece a crucificação
Perdoe magistrado, se faltou-me a eloquência
Pois afinal é cada qual com sua condição