Na curva do adeus
Guatupê e guaratubaEra noite de lua cheia
Saudade naquela hora
Penetro na minha veia...
A lua foi iluminando
O seu rastro na areia
Meu olhar lagrimejando
Aos poucos foi apagando
Feito luz de uma candeira...
Na batida da porteira
No batente do mourão
Rancou pela vida inteira
Em meu peito a solidão...
Seus rastros na areia
O vento não apagou
A lua ainda clareia
A saudade que ficou...
Fiquei preso na teia
Da tristeza que restou
Sabia ainda gorjeia
Todo mês tem lua cheia
Só ela não mais voltou...
Na batida da porteira
No batente do mourão
Trancou pela vida inteira
Em meu peito a solidão...
No peito desse caboclo
A saudade é persistente
Vai matando pouco a pouco
O meu coração doente...
Sentado no mesmo toco
Contemplo sempre o opoente
Toda a noite é um sufoco
Delirando feito louco
Eu a vejo em minha frente...
Na batida da porteira
No batente do mourão
Trancou pela vida inteira
Em meu peito a solidão...
Lá no alto a porteira
Para sempre emudeceu
Provando ser companheira
Nunca mais ela bateu...
A batida derradeira
Recoa nos sonhos meus
Vendo a paixão primeira
Camuflado pelas roseiras
Lá na curva do adeus...
Na batida da porteira
No batente do mourão
Rancou pela vida inteira
Em meu peito a solidão...