Chamamé posteiro
Guto teixeiraUm jeito de campo, aguada e galpão
Enlevo de pasto, mio-mio e quarqueja
Florindo pra sempre por este rincão
Há nestes campeiros de alma emponchada
Miradas do longe, distantes de olhar
Sombreiros copados, batidos de chuva
Que ao tempo se moldam de tanto se andar
Há nestes campeiros que tocam a vida
Distâncias de tropas e velhas estradas
Cruzando saudades de um tempo de rondas
No pouso de luas pelas madrugadas
No rastro coplado de tranco e assobiu
No campo e banhados e voltas de mato
Nos sonhos da linda, bem junto a porteira
São estes campeiros com alma de fato
Animam um fogo quando a chuva amansa
Encharca o Domingo de um mensual
E pensam distante nos olhos da tarde
Se um fio de saudade lhes chega afinal
Capaz que se aprontem pra alguma alegria
Carreira e bailanta no outro Domingo
Adelgaçam ânsias durante a semana
Pra um tranco estradeiro num florão de pingo
Quando galponeiam suas canções posteiras
Na pedra morena do velho galpão
Bem junto ao luzeiro de um fogo de aroeira
Reafirmam a certeza de amor por seu chão.