Rapariga do bonfim
Hamilson e hermanovou morrer de tristeza e de desgraça,
vou enterrar meu dente na cachaça,
se você me abandonar.
Te dei carinho, um nome e um lar,
um baita de um anel de grau,
um disco do Sidney Magal,
uma conta no Banco do Brasil.
500 contos de perfume Jatobá,
1 litro de licor de pequi.
1 jegue importado do Iraque,
1 sutiã da Jacqueline Onassis.
Mas agora que tu quieres ir embora para sempre,
que me mate, que me mate, que me mate.
Perchè viver sem você
será um disparate.
Me lembro o dia em que nos conhecemos,
era domingo à tarde na Praça da Sé.
Você corria alegremente atrás dos pombos
e eu chupava o pauzinho do picolé, pois é!
Avancei do Canivete pro Paioso
e eu, nervoso, quase pisei no seu pé.
Atravessamos o Viaduto do Chá,
fomos tomar pão molhado com café.
Me contaste que teus sonhos eram tantos
conhecer Paris, Guarapari e o Silvio Santos.
Se envergonhava de ser uma lavadeira,
uma mãe solteira, que rachou o tubi
E, agora que tu tens uma casa com jardim,
manicure, pedicure, curriolas e um barzim,
e me põe para fora da cerca e diz-me:
Vá-se embora, pelo não e pelo sim
És indígna,
malvada,
infusada,
rapariga do Bonfim.