Helder de almeida

Barquinhos de papel

Helder de almeida
Será que irão lembrar o tempo de infância
Pular amarelinha no meio da multidão
Ter que correr para roubar as bandeiras
Pois a dança das cadeiras era garantir seu pão

Soltar barquinhos de papel no esgoto aberto ao céu
Onde a ciranda é para valer, se vacilar pode morrer
Entre a fome e a solidão, cheirar pedrinhas da ilusão
Se o pique não pegou você, pode esperar para você ver

E só brincar enquanto cheira cola
E pedir esmola antes do sinal abrir
E nos lixões: “tá quente ou tá frio?”
Nesse esconde-esconde, ninguém vai te descobrir

Passar-anel, o relógio e a bolsa
Pular carniça das pessoas e acabar no garrafão
Na sua praça se tomar banhar no chafariz
Sempre um turista a achava graça:
Ah! Que povo tão feliz!

Encontrou algum erro na letra? Por favor envie uma correção clicando aqui!