Três meses
Helder souzaVocê com fones, ritmando a bolsa, sem conseguir disfarçar,
Olhando em viés, fitava o livro no meu colo, a se encantar.
E embora tímido, saltei ao banco ao lado, quase a sufocar:
- Olá?
Os olhos acenderam, o fone caiu, sem mesmo hesitar,
E um sorriso iluminou seu rosto como que a me confirmar:
- Olá!
Me lembro, foi uma semana o bastante para enfeitiçar,
De como que nos pertencemos, pele e afeto, feito mágica.
E eu narrava o nosso encontro como pura e simples perfeição,
E duvidava ser algum de nós capaz de fazer magoar...
E chorar.
Eu poderia ter você ao meu lado a vida inteira,
Mas para tanto eu devo ser sempre quem você queira,
E a cada segundo tudo muda pra você
A cada minuto já sou outro e já não posso ser.
Se lembra quando as piadas tinham graça e se podia rir?
Se lembra quando a ironia era motivo para gargalhar?
E eu, filhote, era em seus braços protegido e me sentia um rei.
E eu, moleque, era em seu colo adormecido, depois de amar.
Não mais.
Eu era eu. Você, você. E nos somando tudo era feliz.
Eu era eu. Você, você. E nos somando tudo era feliz.
E eu poderia ter você ao meu lado a vida inteira,
Mas para tanto eu devo ser sempre quem você queira,
E a cada segundo tudo muda p'ra você
A cada minuto já sou outro e já não posso ser.
A cada segundo tudo muda p'ra você
A cada minuto já sou outro e não
Não quero ser.