O andarilho
Henry burnettUm andarilho vai pela noite
A passos largos
Só curvo vale e longo desdém
São seus encargos.
A noite é linda -
Mas ele avança e não se detém.
Aonde vai seu caminho ainda?
Nem sabe bem.
Um passarinho canta na noite:
"Ai, minha ave, que me fizeste!
Que meu sentido e pé retiveste,
E escorres mágoa de coração
Tão docemente no meu ouvido,
Que ainda paro
E presto atenção? -
Por que me lanças teu chamariz?" -
A boa ave se cala e diz:
"Não, andarilho! Não é a ti não,
Que chamo aqui
Com a canção -
Chamo uma fêmea de seu desdém -
Que importa isso a ti também?
Sozinho, a noite não está linda -
Que importa a ti? Deves ainda
Seguir, andar,
E nunca, nunca, nunca parar!
Ficas ainda?
O que te fez minha flauta mansa,
Homem da andança?"
A boa ave se cala e pensa:
"O que lhe fez minha flauta mansa,
Que fica ainda? -
O pobre, pobre homem da andança!"