Anjos
Igor bidiTentando reaprender a voar
Mesmo sem asas
Tentando reaprender a voar
Meu mano, esse sangue não é de filme
Sem roteiro aqui não tem steven spielberg
Segue o foco no caminho, man, confia em mim
Não importa o que aconteça mantenha-se firme
Nós vai no freestyle, jogo de cintura
Topo é uma metáfora pra nossa altura
Então atura o que satura enquanto o mal dura
Não vista a carapuça errada, se tua alma é pura
Nós somos a geração herdeira da ditadura
Transformei minha transparência na minha armadura
Na tempestade em copo d'água desse mar em fúria
Os caras tão trocando 6 por meia dúzia
Não muda nada, man, nesse mundo moderno
Entre o céu e o inferno
Vejo sonhos escorrendo em folhas de caderno
E ao menos, é o que temos pra ficar amenos
E a menos que amemos, o mundo não muda
Máquinas e ministérios suprimem meus mistérios
Enquanto nós articulamos a queda do império
Avisa pra esses caras que é melhor levar a sério
Eu sou aluno da geração mais braba da história
Do rap da nossa cidade
Dos tempo que pra tu dizer que tu era mc
Tu tinha que viver esse bagui de verdade
Adrenalina nos freestyles das esquinas
Sangue na caneta e as batalha da antiga
Processo de assimilação da disciplina
Honrando o fundamento e mantendo a alma viva
Antes de ser hip-hop isso já existia
Na força original da primeira poesia
Quando o ser humano dominava o intelecto
E extraia o sumo poético do que sentia
Domínio da matéria e o animal domado
É mais simples do que tu pensa esse lance de ser elevado
Num existe esse bang de tu ser predestinado
Existe a quantidade de suor depositado
Mano, não se venda e não viva vendado
Ultrapasse o espaço quo desse quadrado
Na guerra interna do pior com o melhor lado
Pra saber quem é que vai dar o próximo passo
Mas esse público não sabe mais te ver com olhos, man
Esse público só te vê pela câmera
Ao menos a revolução vai ser monetizada
Então que seja espontânea
O rap se tornou um jogo online
Que te vende privilégios
Mas me fala qual o mérito
Se a gente passa de nível com cartão de crédito
Pra tu entender o que eu to falando
Faz tempo que abri mão do meu privilégio branco
Depois neguei contratos grandes
De grandes empresários que tavam me procurando
Meu mano, é papo de cria
Não existe tesouro melhor do que tua autonomia
Num boto fé no processo de idolatria
Eu dou valo aos mais simples
Que tão na correria
Aos heróis do dia a dia
Aos que seguem no caminho justo, maestria
Proteção pra sobreviver nessa epidemia
Num seja um escravo, man, da tecnologia
Também provei do poder, sei que ele vicia
Fui resgatar minha alma onde eu sei que ela ia
Quando ela queria
Aprender a usar o poder do ritmo e poesia
Não quero fama nesse jogo virtual
Essa é pelos meus irmãos no mundo real
Aos que fizeram esse sonho ser possível
Aos que ainda seguem com nós por aqui
Aos que voltaram pro mundo maior
Aos que voltaram pra casa
Mandem notícias, nós tamo bem
E vai melhorar!
Mc's são anjos encarnados
Tentando reaprender a voar
Mermo sem asas
Tentando reaprender a voar