Irene bertachini

Caverna do sapato

Irene bertachini
O abismo do oceano dentro do quarto
O pico da montanha embaixo da mesa
O sono dos planetas no travesseiro
O fundo da caverna dentro do sapato
A chuva de areia no meu deserto
De que me vale um sonho se estou desperto
Um caco de azulejo é um iceberg
Do fundo da memória da geladeira

Correndo feito um rio entre folhas secas
Cantando poesias pra uma formiga
E eu correndo feito um louco nesse carrossel
E eu girando feito tonto nesse carrossel

A era glacial dos velhos brinquedos
A mata bem fechada dos seus cabelos
A fúria dos vulcões num café com leite
Poeira das estrelas no canto do prato
A chuva de areia no seu deserto
De que me vale um sonho se estou desperto
O ralo do banheiro é um buraco negro
Do oco do mistério do meu cinzeiro

Correndo feito um rio entre folhas secas
Cantando poesias pra uma formiga
E eu correndo feito um louco nesse carrossel
E eu girando feito tonto nesse carrossel
E eu correndo feito um louco nesse carrossel
E eu girando feito tonto nesse carrossel
O sonho sacia
Porque, eu não sei dizer
A estória começa no final talvez

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