Amor sonhado de um tropeiro errante
Ivan soaresA pele seca ardente, sereno, poeira, pó
Eu sou a cerca de arame tranca do meu passar
Prisioneiro entre ela, eu vivo só pra te amar
Ói fiz um feixe de pau, com os galhos do gravata
A montaria cansada, vilarejo, viajar
Mas meu segredo é pequeno, são duas palavras sim
Uma é de gostar de mato, outra é de ter tu pra mim
Nessa terra Diamantina, segredo de dois querer
O povo lutando muito é rebentar pra viver
Os rios correndo sóbrios, levando as folhas que caem
É o pilão da muié, seio cheio de torpor
Garimpeiro desse cerra levando nos braços a dor
Vê os gaios da caiçara, já começou despencar
E o beija-flor fica tonto de tantas rosas cheirar
E as águas que vão descendo que leva um ramo de flor
Que silencia m'nhalma, no vento vem meu amor
Mas vejo tudo sozinho, você não sabe quem sou
Florestas aí campos verdes quem foi que te enveredou
Foi teu amor natureza que nunca mais te deixou
Sou um tropeiro errante no ermo triste da relva
Toco tropa noite dia, nasci no topo da serra
Caminheiro diamantino nunca que fica sozinho
Pois quando deixa a muié, ela reza pra vortar
Nesse tempo ele fica com a estrada, com campo e com ar
Mas que fizeste de mim de tão pequeno que sou
Os sonhos que me embalavam, brisa de vento levou
Só levo o os sob a roupa, carne seca na capanga
O enrugamento na pele e a tristeza da manga
Undereo, undererereo, underererreo