Milonga do pendular encontro
Ivo fragaMe deixou a impressão
Que o tempo ao meu redor
De tão velho já cansou
(A saudade que me pôs
Os relógios lentos
Intervala sempre o nosso encontro)
A galope, meu cavalo
Voejando no caminho
Me transporta em seu bailado
Parecendo, sem saber
Recriar de cada vez
Num impulso breve
Quatro timbres surdos de tambores
Ah, coração, hoje o tempo em mim
Desgovernado se fez assim
Quando te encontro, morre em seguida
Quando retorno, perde as medidas
Mas cada dia mais renitente
Vem a certeza que de repente
Eu vou quebrar o pêndulo
Do nosso amor de sábados
E transmudar os sábados
Do nosso amor tão pêndulo
A distância, tão presente
Se apequena ou se desfaz
Sempre quando num segundo
Fecho os olhos sem querer
E adivinho minhas mãos
Em lugar das rédeas
A ganhar as formas do teu corpo
Quando volto, vem comigo
O sorriso quase morto
Dos abanos da porteira
Tatuando meu olhar
No regresso flui em mim
Um silêncio grande
E o gosto rubro do teu beijo