Eu vi o mar / poema flores ao mar
Ivone cerqueiraComo estava belo ô mainha
No dia de Iemanjá eu vi
Aquela brisa calma
Que passa e me enlaça num doce aconchego
A areia tão alva que aos pés abraça é a pureza ímpar
Uma luz que irradia envolvendo o meu manto
Uma voz que ecoa estampando o meu canto
É a força que corre no seio da terra que vem clarear eu vi
Eu vi o mar eu vi o mar
Como estava belo ô mainha
No dia de Iemanjá eu vi
Flores ao mar
Dia 02 de Fevereiro
Fui jogar flores no mar
Fui pedir à mãe sereia
Para nos abençoar
Mas não apenas pedi
Me pus também a louvar
De pés descalços na areia
Ao teu colo fui chorar
Chorei pelo povo sofrido
Pelos teus filhos em guerra
Pelos incompreendidos
Sem amor por esta terra
Sonhos perdidos no tempo
Podados pela maldade
Ou talvez ignorância
Oh minha santa piedade
Bem na quebrada das ondas
Das sete ondas primeiras
Lembrei-me lições de cedo
Que é bom a paz verdadeira
A paz do rio menino
Que abraça as vitórias-régias
E mesmo em meio às torrentes
Sabe das calmas eternas
Iemanjá acalmou
Todas as minhas angústias
Disse que não me avexasse
Pois tem os dias de lutas
Mas também tem calmaria
Pra refrescar a memória
Daquela paz e do amor
De quando é chegada a hora