O velho e o tubarão
Jefferson sarmentoE aceitando a direção de qualquer vento sem saber direito onde chegar
Mas vamos encarar os fatos, suas roupas não me vestem mais
Além do mais, depois de todo esse tempo eu descobri
Nem todo o seu dinheiro lhe dá o direito de ser mais homem que eu
Meu pai costumava me falar que havia um mundo inteiro pra brincar
Mas hoje o meu filho cresce preso e amarrado
Em caixas de concreto, em caixas de fumaça
Meu avô contava histórias legais sobre as velhas Gerais
E ainda hoje algumas dessas velhas histórias não me deixam dormir
Mas que bobagem, são só velhas memórias
São lembranças da minha própria história
Do tempo em que os meus passos eram incertos
e ainda mal marcavam o chão
Quando criança eu tive medo e aversão a todo tipo de maldade
E coleções de armas de brinquedo que matam de verdade
Eu tive dúvidas sobre Deus porque sempre me disseram que era só amor
Anoiteceu e me entregaram essa estranha justiça divina injusta demais
Eu não entendo perfeição que precise de uma empresa
pra vender seu nome e sua voz
É, talvez eu seja mesmo burro demais
É, talvez o mundo seja um pouco demais
Meu avô contava histórias legais sobre as velhas Gerais
E ainda hoje aqueles velhos olhos cansados me contam silêncios
pra que eu possa dormir
Mas que bobagem, são só velhas memórias
São lembranças da minha própria história
Do tempo em que os meus passos não eram certos, mas sabiam a direção
E ainda tem um velho perto das encostas da arrebentação
E as crianças às vezes se reúnem ao seu redor pra ouvir suas velhas histórias
E a que eu mais gosto é sobre um velho tubarão que um dia levou sua mão
Mão que ele quis vingar mas depois de tanto tempo o velho perdoou o tubarão
O que eu sonho e tudo que eu temo
o que eu invento e tudo que eu mais prezo
O que eu aceito e tudo o que eu quero
o que eu compro, o tanto que eu me vendo
O que eu respeito e tudo que me agride
o que eu mais desejo, por que eu me desespero
O que eu odeio, o que me é tão caro
o que me afeta e o que me desperta
O que me faz gritar, quem me ensinou a andar
o mundo que me acolhe, a dor que me consome
Eu sou o que me agride e tudo que me espanta
eu sou o que eu espero, sou todo o resto
Eu sou o que eu detesto e tudo que eu amo
eu sou o meu inferno e o deus pra quem eu clamo
Eu sou o que eu sonho, o que eu temo, o que eu invento
O que eu como, o que eu aceito, o que eu respeito, o que me agride
Eu sou o tanto que eu desejo, o que me afeta e me desespera
O que me espanta e me consome, meu inferno e o paraíso...
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