Chuva
Valérie Tinguely & Célio Mattos

chuva

valérie tinguely & célio mattos

chuva magoada, abandonada
a poesia voltará ao meu coração
como a chuva no sertão
a poesia virá como uma bênção, lavar meu coração
relaxar meus ombros rígidos
endurecidos pelo sol dos caminhos

nem uma lágrima
desta vez não derramei uma única gota

a poesia voltará e fará meu coração reviver
meu pobre coração endurecido disfarçado de pedra
não mais a poesia do poeta, mas a minha própria poesia
lágrimas transformadas em palavras
virão purificar meu peito

nem uma lágrima
desta vez não derramei uma única gota

como os primeiros raios de luz
de uma longa noite de inverno
meu corpo tiritando de frio será aquecido pela poesia
que nascerá lentamente sobre mim
espulsando as trevas
trazendo a vida de volta
como a chuva que faz brotar o verde

nem uma lágrima
desta vez não derramei uma única gota

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