Cabide de mulambo
João da bahiana
Cabide de mulambo joão da baiana
Meu deus, eu ando com o sapato furado,
Tenho a mania de andar engravatado,
A minha cama é um pedaço de esteira,
E uma lata velha me serve de cadeira.
Meu deus, eu ando com o sapato furado,
Tenho a mania de andar engravatado,
A minha cama é um pedaço de esteira,
E uma lata velha me serve de cadeira.
Minha camisa foi encontrada na praia,
A gravata foi achada na ilha da sapucaia,
Meu terno branco parece casca de alho,
Foi a deixa de cadáver, num acidente do trabalho.
O meu chapéu foi de um pobre surdo e mudo,
As botina, foi de um velho, da revorta de canudo,
Quando eu saio a passeio, as damas ficam falando,
"trabalhei tanto na vida, o malandro tá gozando !"
A refeição é que é interessante,
Na tendinha do tinoco, no pedir eu sou constante,
O português, meu amigo sem orgulho,
Me sacode um caldo grosso, carregado no entulho.
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