Velho peão
João ferreira e ferreirenseO repique do berrante e o grito de peão
Saio no terreiro e vejo lá distante um poeirão
Eu sinto dentro do peito remoendo um coração
Eu vejo um burro da carga
A saudade é tão amarga lágrimas descem no chão.
Vejo a boiada passando lá de dentro do terraço
Com o meu espírito jovem, mas o corpo é um fracasso
Boiadeiro venha cá quero lhe dar um abraço
Pra matar minha saudade que pegar no seu laço
Eu quero sentir o cheiro
Do suor do boiadeiro pra aliviar o meu cansaço.
É triste sentir saudade do tempo de boiadeiro
Da poeira das estradas e berros de pantaneiros
Um estouro de boiada, um arreio e baixeiro,
Magoando o coração de um velho peoa estradeiro
Quando eu vejo atrás da porta
O laço e o par de botas, eu choro em desespero.
Quando eu olho no espelho e vejo rugas no rosto
Cabelos embranquecidos de quem já foi tão disposto
Sinto tristeza na vida, desilusão e desgosto
Sei que estou chegando ao fim mas fui peão de gosto
Adeus para os companheiros
O velho peão estradeiro agora entrega seu posto.