João marcos kelbouscas

Cozinheiro por precisão

João marcos kelbouscas
Chego do campo e penduro o reio' na faca
Boto-lhe fogo num fogão véio' à lenha
Corto um pedaço de carne e vai pra panela
Cebola, alho e tempero se acaso tem

Dou uma fervida se a carne é de bicho véio'
Boto-lhe banha, revolto e carco'-lhe sal
Que é meu costume fazer boia engordadeira
Que tenha gosto e não boinha de hospital
Que é meu costume fazer boia engordadeira
Que tenha gosto e não boinha de hospital

Sou cozinheiro por precisão
Faço boia de sustância
Porque o serviço de estância
Exige força do peão

Eu não me aperto, uso o que tem na dispensa
Às vez', no apuro, no feijão, vai até estopa
Mas não faz causo, o que não mata afina o pêlo
E, até da pata d'um grilo, faço uma sopa

Não tem receita, nem medida, é só no olho
Finco um tomate pra fazer um molho vermelho
Água gelada e limão pra empurrar a boia
Porque salada, pra mim, é boia de coelho
Água gelada e limão pra empurrar a boia
Porque salada, pra mim, é boia de coelho

Sou cozinheiro por precisão
Faço boia de sustância
Porque o serviço de estância
Exige força do peão

De sobremesa, quando dá, faço compota
E até ambrosia quando chove e falta luz
Faço merengue, lembro da finada Lila
Que, uma vez, fez uns de ovo de avestruz

Faço de tudo, de tudo o que der no bolso
Só não repare porque é boia de home'
Mas eu garanto: Até quem chega sem aviso
Enche a barriga, sesteia e não passa fome
Mas eu garanto: Até quem chega sem aviso
Enche a barriga, sesteia e não passa fome

Sou cozinheiro por precisão
Faço boia de sustância
Porque o serviço de estância
Exige força do peão

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