Carro pesado (tributo a tião carreiro)
João mulato & pardinho
No leito de um hospital com tristeza acompanhei
Os últimos dias de vida do violeiro que jamais esquecerei
Sentindo o fim da missão e o começo de outra vida
No silêncio do seu grito li na pluma do infinito
Esta mensagem na aurora da partida
Os últimos dias de vida do violeiro que jamais esquecerei
Sentindo o fim da missão e o começo de outra vida
No silêncio do seu grito li na pluma do infinito
Esta mensagem na aurora da partida
O carro da minha vida está afundando
Corroído pelo tempo em sua missão
A porteira da esperança está fechando
E os bois do meu destino sem ter ação
Nem os gritos do carreiro me faz sair
Do lamaçal que entrei cheio de ilusão
Não aguento mais puxar o carro pesado
Que afunda lentamente no estradão
Na curva do desengano eu estou parado
Com a canga infinita da ingratidão
No vai e vem dessa lida não resisti
As pancadas da maldade do ferrão
Meus passos silenciaram por toda a vida
No aboio do carreiro e do cocão
O canzil da natureza não desatou
Venha o ranger por socorro ao ventre do chão
O celeiro da memória vai ficar cheio
Com poeira da saudade na solidão
E no carreador da vida meu velho carro
Vai cantar lá no curral da imensidão
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