João patrick

Refluir

João patrick
Procuro sem queixa curtir
O mau da amargura se assim então me fiz.
Com mágoa, com desgosto, sigo
Sorridente amigo, constante paixão.
Não sou somente o riso seco
De um menino preso às ripas de um caixão,
Sou mais que o sol amanhecido
Enganado, ferido pelo coração.

As asas da dor me rodeiam,
Visita incerta, inesperadas sim.
Sangrenta rosa esvoaçante,
Desgosto de filha aliviado em mim.
Por ser talvez o filho despreocupado,
Preocupo-me com a solidão.
Desprezo a mágoa imposta a ti,
Como desprezo o nome que puseram em mim.

A lua ainda não nasceu,
Escuridão propícia aos furtos de um infeliz.
Imortal por ser infinito,
O infinito beija-me e aos pés de um vício diz-me
Que a vida fria pinga a seco,
Ânsia incontentável não vou te ferir,
Ainda que feriste muito o meu coração
Pra ti irei sorrir.

O silêncio da estrada gela o meu coração,
Estrelas se dispersam,
A luz se apaga aos poucos,
Os mares se secaram,
O fogo não esquentou,
A vida não viveu.

A chuva molha minhas pálpebras,
Da testa escorre o suor de um infeliz,
Imagem adorável,
Enquanto choro penso se hoje vivo ou morro,
Qual serei feliz?

Ou não serei feliz?

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