Joésia ramos

Maleável

Joésia ramos
É complicado se ter um sangue quente
E ainda assim morar nos Trópicos
Ferve junto nas veias
Um alucinado desejo de tudo
Mistura-se o bem, o mal e o mau
E eu à toa fico queimando em mim
Sentindo tudo fluir
Sentindo tudo se ir
Feito água que evapora sobre o fogo
E assim,
Num estado gasoso me espalho, me estranho
Um vento mau me afasta de mim
Divide a essência de um eu já não muito coeso
Fico então com as nuvens
Num dado momento
Já não me mantenho suspensa no ar
A terra me atrai
E feito líquido
Me absorve em seus sulcos
Novamente me perco
E maleável demais
Transformo-me
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