Terra dos buracos
Jony venenosoAqui é mais um sobrevivente da enchente da rua sem asfalto
E tudo que eu vou falar eu aprendi com a minha fisolofia de vida
Uns minutinhos de sabedoria pra mostrar a voz da perifeteria
Eu sou o Jony Venenoso, Itapetininga num da boi pra ninguém
mas se quiser tem cavalo, tem asa de frango, vaca atolada,
cachorro molhado comendo galinha
Aqui é um cotidiano violento
Com grito de porco, burro empacado e a criançada tudo correndo
Eu tava dormindo, mas eu tava lá
Minha mãe saiu gritando "vamo trabaiá"
Então eu acordei com um grito desesperado
E aí que eu me lembrei que eu sou mais um desempregado
Amuado, esquisito, eu me sinto pra baixo
Pobre só sobe na vida quando explode o barraco.
Eu num tenho nem foto pra por no currículo
Sou vagabundo nato, pois num tem serviço
A Elite diz, óia o Jony, só quer descançar
num tem nada mais trabaioso que num trabaiá
O mundo ta esquisito, oh mundo de Deus!
Gente que nunca tinha morrido, agora morreu
Esses políticos xé.. bando de estrume
A nossa luz no fim do túnel é sempre um vagalume
Mais, é.. Vou dar um rolê... Toda cidade já deve me conhecer
Bom dia seu Anízio.. o Senhor ta bom?
Bão! Bão também... Tá bão então!
Cheguei na quitanda do seu Irineu
Tinha uma moça bonita que me atendeu
Lá no bairro onde moro num tem água encanada
Então pedi pra ela me arrumá um cópo dágua
É... Será que chove? Tomara que não, ou todo mundo morre
Os buraco da avenida vira uma cratera
A criançada acha que é piscina e entra dentro dela
Junta cus rato, cas barata, cus escorpião
Tem até cobra enrolada dentro dus carção
Da braçada, mergulha... Vira mortal
Os véinho quebra as perna e vão pro Hospital
A mulecada entra pelo cano e vai escorregando
Cai no meio do banhado e já sai nadando
O Chiquinho pega a prancha parece um surfista
Com us buraco num da mais pra ser um Iskaistista
Mais a cena é muito linda, a mulecada tudo de cuéca
Ficam marrom, e eles somem, misturam com a terra
Enquanto isso o cidadões andam meio cabrero
A professora coitadinha, caiu dentro do bueiro
Terra dus buraco... Dus barraco...
De gente estranha... De salto alto
Que num tem casa para morar...
Mas fala o segundo nome pra ser popular
Pobre num tem sorte... Pobre só tem dívida
Ainda divide a comida, pra ele e pras lumbriga
Mais nois curti a vida, toda hora o tempo inteiro
balada de pobre, num é farra, é tiroteio
Mais tem uma coisa linda, que me traz tanta alegria
A gente já é magrelo, sem fazer academia
As veiz nóis somo barrigudo mas já da pra resolver
Só toma um vermifero, que as lumbriga vão descer
E vamo andando na cidade, no fiat 1.4.7
Ouvindo sertanejo, com umas ropona de Rap
Convida todo mundo, não porque é solidário
Mais pra dividir a gasolina, que hoje em dia tá tão caro
Coloca 3 na frente, e mais 4 vai atrais
criança no porta mala, bem quietinha lá pra tráis...
E tira foto de tudo... Toda hora vê-se um clique
Pra por la no Orkut, pra mostrar que a gente é chique
Mais chique é morar no central parque 4L...
Bem do lado de um estágio invisível que nos deram
destruiram a cachoeirinha, ficou belo no mapa
Um belo de um buraco que hoje em dia cria vaca
Podemos passar pelo Rio Vermelho?
Só se trouxer um caixão.. porque que o baguio é lokão
Aê Jão... Num tem feijão cê come arroiz,
E num reclama, você é ItapetininMano... até o Gugu vende pamonha e
tira uns troco por aqui, Só a gente que num ta conseguindo ser feliz
Mas já tem a associção, Perifeteria Desemprega e Unida
Reuniões de quinta a quinta, todo dia no bar da esquina...
Sorriso no rosto, em meio ao cheiro de esgoto
Mais num da outra, na Expoagro vem us cantor, e continua tudo a mema coisa
a gente se vê la na style, parcela em 10 veiz...
usando a roupa no meio do barro, em dez dias já num tem mais nada
Só sobra o carnê... Porque carteira de pobre só tem papel...
e o nome no SPC.. disfaça na hora que falarem pra você
fala que você num sabia, confundiram a vossa pessoa... a vossa senhoria
Daqui 5 anos já vai caducá.. e vamo di novo na style, que a expoagro log já vai chegar!
E a gente tem que curtir e brilhar!
Terra dus buraco... Dus barraco...
De gente estranha... De salto alto
Que num tem casa para morar...
Mas fala o segundo nome pra ser popular