Sobre armas e gaúchos
José fighera salgadoDe campechano compasso
Com a força de um manotaço
E a fúria de uma trovoada
Trata da vil empreitada
De uns tipos de outros lados
Que vieram alvoroçados
Com o propósito insano
De retirar do pampiano
O direito de andar armado
O xucro povo sulino
Se criou nos entreveros
Peleando com caborteiros
De perfis abagualados
E os berros engatilhados
Sempre mostraram sua fala
Entre a trincheira e a vala
Nos cerros e descampados
O rio grande foi desenhado
Com um nagão cuspindo bala
Por isso as armas de fogo
Estão no cerne da pampa
Sempre compondo a estampa
Tanto ontem como agora
Igual a estrela da espora
Para amansar aporreados
O 38 é sagrado
Pra salvar o próprio couro
Do guapo gaúcho touro
Bravo, xucro e despachado
Mas nos longínquos palácios
Do poderio centralista
Sob a influencia oportunista
De vários interessados
Burocratas, deputados
E uma tropa de doutores
Fizeram-se executores
Do mais maleva instrumento
A lei do desarmamento
O trunfo dos ditadores
O estatuto maquinado
No intuito de desarmar
Começou a prosperar
Com uma campanha embusteira
E a nossa gente altaneira
Das armas foi apartada
Na traiçoeira emboscada
Da engenharia social
E a nova trampa global
Pelas leis sendo implantada
Os argumentos furados
E estatísticas forjadas
Valem menos do que nada
Pra os rumos da humanidade
Não há superior verdade
Do que a importância da vida
E ela só é defendida
Com eficácia elevada
Por uma mão bem armada
E uma mente esclarecida
Só alguém muito confuso
Acha bom não ter a chance
De, com uma arma ao alcance
Evitar sua injusta morte
Não se conta só com a sorte
Frente a perversos bandidos
Que não ficam comovidos
Ao trucidar inocentes
E só um povo decadente
Afaga seus inimigos
O homem sério não quer ver
Sua morada invadida
E suas filhas queridas
Mortas após violentadas
A esposa sendo abusada
E assassinada em sua frente
Mas é certo e evidente
Que sem arma e munição
Resta a ele a condição
De escravo dos delinquentes
Não adiantam propagandas
Com ricas celebridades
Nem teses de faculdade
Fundamentando o cinismo
As farsas do pacifismo
Não vão mudar nossa essência
O povo desta querência
Das armas, sabe a importância
Pois nas piores circunstâncias
Garantiram sobrevivência
Não nos dobram com falácias
Vitimismo, enganação
Panfletos de empulhação
Muito menos choradeira
A pampa é pátria guerreira
Mãe de legiões peleadoras
E esta campanha impostora
Zomba da história gaúcha
Feita a tiro de garrucha
Nas auroras precursoras
Mas os tauras macanudos
Deste rio grande machaço
Discordam dos canetaços
Da vermelha tirania
Pois com chumbo e valentia
Sempre aguentamos repuxo
E neste pago sem luxo
De imponente identidade
As armas e a liberdade
Falquejaram o gaúcho