José fortuna

Caminho largo

José fortuna
A minha vida era um caminho largo
Quando em meu peito ainda pulsava o amor
Pelas encostas das montanhas verdes
Até parecia um colar de flor
Mas com o tempo foi se estreitando
Quando a primeira ilusão chegou
Parei na curva de meus desenganos
Quando vi que os anos tudo me roubou

Meu caminho largo ficou
Para trás nos rastros de mim
Muito tarde vim compreender
Que existe a palavra- fim
Eu tentei em vão percorrer
Palmo a palmo o chão de meu ser
Mas o céu que era azul e calmo
Escureceu

Ela deixou o meu caminho estreito
Forrou seu leito de espinho e pó
Somos dois troncos que jamais se encontram
E o que nos abraçam são cruéis cipós
Quando me lembro do caminho largo
Cruzando sertões e ermos matagais
Cai uma chuva de meu pranto mudo
Por lembrar que tudo já não volta mais

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