José fortuna

Velho poço

José fortuna
O velho poço, olho d´agua na cratera
Bem lá no fundão da terra
Distante da luz do sol
Lembro mamãe, quando a caçamba soltava
Sua água arrepiava
Parecia um caracol
Hoje coberto por capim de muitos anos
Porque o mundo desumano
No abandono te esqueceu
Foi em voce, que o verão do teu passado
Com seus lábios ressecados
De tua água já bebeu
Meu velho poço
Meu olho d´agua
Mata-me a sede
No verão de minha mágoa
Meu velho poço, bem no centro de um terreiro
Onde o sol de meus janeiros
Deixei na profundidade
Longa era a corda, no sarrilho que descia
Como longos são meus dias
Neste poço de saudade
Perto ainda existe uma tapera caída
Da comieira poída
Só restou algum sinal
Sinal de um tempo, deste tempo que foi vida
Hoje uma sombra esquecida
No meio do capinzal.
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