Entre domas e tentos
José ricardo maciel nerling
Vejo o horizonte da janela do galpão,
E o sol nascendo sobre o manto das frexilhas.
Recosto a cuia, ato a espora às garroneiras,
E acordo as garras, pra o ritual bueno da encilha.
E o sol nascendo sobre o manto das frexilhas.
Recosto a cuia, ato a espora às garroneiras,
E acordo as garras, pra o ritual bueno da encilha.
Assim desperto pras horas de labuta,
Manhã de geada num “finalzito” de maio.
Buçal e mango, sela, cabresto e peiteira,
Rumo à mangueira, onde me espera um potro-baio!
Este mundo que Deus me deu de regalo,
Tem dois lados: lida bruta e sentimento.
– Ser doce e manso, pros cabrestos de uma prenda.
– Ser duro e rijo, por entre domas e tentos.
Final do dia, depois de muito trabalho,
Chego no rancho, dou folga ao pingo bragado.
E no galpão vou remendando a velha cincha,
Tirando uns tento daquele couro estaqueado.
Fim de semana... Ato a boca de um tostado,
De pura estampa, pra sentar os meus arreios.
Rumo ao povoado, faceiro, vou assobiando,
Ver a morena, e dar pasto aos meus anseios!
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