No meu sertão
Joventino barbosaMeu galo índio começa a cantar
Os passarinhos fazendo alvorada
Está na hora de me levantar
Então eu faço o sinal da cruz
Para que a luz de Deus volte a brilhar, eliminando todos os espinhos
Que no caminho eu possa encontrar
Vejo as galinhas depois a porcada
Se não tem milho eu trato com ração
E tiro leite da vaca maiada
Sobrando muito eu faço requeijão
Faço um cigarro e ponho atrás da orelha
Tomo um café e pego o enxadão, e vou buscar o que está reservado
Pra ser assado em noite de São João
Eu passo o ano quase sem dinheiro
Mas o importante é a saúde e o pão
No cafezal eu passo o dia inteiro
Estou faceiro com esta plantação
No meio dela planto milho e arroz
E também planto um pouco de feijão
De tudo isso eu tenho sobrando
Se alguém precisa, eu posso dar a mão
Quem sai da roça e vai pra cidade
Seja empregado, ou seja o patrão
Um dia ou outro sentirá saudade
Das pescarias lá no ribeirão
Se na cidade é muito feliz
Principalmente se já foi peão
O seu berrante está bem guardado pra recordar a vida no sertão