Poesia - um drink no inferno
Juarez dall agnolNo verão ou mesmo no inverno
É melhor que vá procurar
No meio do mato por certo vou estar
Lá no sítio: Um drink no inferno
Lá encontro muita paz e sossego
Melhor que isso não poderia estar
Quando deito no conforto de um pelego
A céu aberto, sozinho e sem medo
Durmo tranquilo em qualquer lugar
Tem macaco, bugio e capivara
Leão baio, graxaim e ouriço
Cascavel, jararaca e cutiara
Fazem festa com o grito de cigaras
Até espantam o meu cavalo pitiço
Outro dia encontrei uma leoa
Me olhou com o zóio arregalado
Já saí rasgando e correndo a toa
E num mergulho pra dentro da lagoa
Numa braçada me bandiei pro outro lado
Pra lidar com toda esta raça
Experiência agora não me falta
E o bicho corajoso que me ataca
Eu de facão já peleio na fumaça
E faço a cola ficar ainda mais alta
E quando faço uma boa fogueira
E o perfume da folha verde que solta
Me dou conta mas não de primeira
Que com o chio do bico da chaleira
A bicharada mais mansa me acompanha na volta
E no escuro adentro da madrugada
Estou tomando um bom chimarrão
E vejo pelo meio da ramada
Um assombro, que até parecia mão pelada
Tranco tudo até as frestas do galpão
A esta hora o mato inda floreia
Uma coruja posando no angico
E as aranhas trançando suas teias
Se preparando pra mais uma peleia
Pra amanhecer, tapada de mosquito
Algo estranho está acontecendo
Tudo escuro está nesta hora
O pior de tudo e que já estou prevendo
Fico confuso e a cabeça remoendo
E é assim que o indio velho se apavora
Faço reza ao meu velho patrão
Que me proteja por só mais um dia
Enquanto queima o último tição
Tremendo sentado a beira do fogão
Tomo uma pura pra esquentar a noite fria
De manhazinha ainda escuto o floreio
De assobio e grito animado
Também tem uivo perdido no meio
E um bugio que ronca bem feio
Faz uma orquestra em grupo entonado
Os queridos amigos vizitantes
Que não sabem assim como era
Se ao menos tivessem visto antes
Veem agora aqui neste instante
Que não e mais a mesma tapera
Fasso um pedido, apenas, agora
A qualquer um que chega até aqui
A um amigo ou alguem la de fora
Que aproveite a qualquer hora
Mas que não mate os meus quati
Não tem porta nem tem cadeado
Passe a dentro e fique a vontade
Solte o pingo no potreiro alambrado
Mantenha limpo e organizado
Isto é um sitio e não uma cidade
Temos drinks de boa qualidade
Na prateleira espeto e talheres
Pra matar a sede, cachaça a vontade
Isto é bom uma barbaridade
E um bom licor também pras mulheres
Não leve nada que não lhe pertença
Fassa proveito de tudo que temos
Não importa qual seja sua crença
É um pedido e não uma ofença
Fassa o bem que o bem te queremos
Se o desejo é levar algo daqui
Deixe os pertences e leve a saudades
Não permita a ganância tomar conta de ti
Pra ser bem sincero, até isso eu preví
Que Deus abençõe o amigo educado
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