Além da nova ordem
Julio serranoCom a minha paz eu não bato de frente
Eu tenho mil motivos pra vir lhe dizer
A fé sempre responde em nome dos ausentes
Falência múltipla nos órgãos principais
Sistema não funciona, não nos serve, não queremos mais
Capitais mil, nas mãos de poucos homens
Sistema servil é o mal que nos consome
Pouco a pouco eu vou sentindo a mão do injusto aqui por perto
Sem pena, seu lema, lutar pelo incerto
Nada consta, nada afronta mais, é treta pronta
O homem da maleta, nada traz, só desconta
Em pouco tempo, o pouco que tem o trabalhador
Não tem mais nada, vive no regime do horror
Pra luta armada foi, com ódio e com rancor
Seu combustível, incentivo, cessar a dor pro seu alívio
E ver seus filhos sem ter pra onde ir, o que comer
Me dê motivos, vida bandida é luz que pude ver
Socorro ninguém deu, ninguém ouviu quando gritou
Não socorreu, vejam no que o homem se tornou
Aversão à tudo aquilo que o sistema reza e prega
Vive suas leis, cria suas próprias regras
Libertou-se de uma prisão invisível
Solto na vida, vive dia-a-dia de bandido
E bandidagem corre a veia, no sangue, no domínio
Na lembrança, nada consta, o diário de um esquecido
Entre milhares e milhões, mais um cidadão sem nome
Da doença nasce a cura, do sistema nasce o homem
E o governo, o que não quer, ele descarta, rejeita
Não desanda o mal acolhe, constrói e alimenta
E o que antes tinha sido um pai honesto, batalhador
No lugar reinou a raiva, o medo
Com o tempo um enviado do terror andou na terra
Plantou a guerra, sentiu o seu sabor
Foi tão amargo quanto o gosto de uma bala
Que cala, vem cessar a dor
Necessidade leva um homem ao extremo
Se passa fome, passa frio, aguenta
Mas estoura quando vê sua família no veneno
Mundo pequeno, passou tremendo
Impera o ódio, mas ninguém nunca está vendo, e vai
Submissivo, omisso, esquecido, a hora é essa
Um caminho, um destino, profissão perigo é o que lhe resta
Trafica, assalta, mata, e agora é um homem de negócios
Arranca sua alma sem esquema, sem dor, sem pena e sem remorso
Mas no fundo sua alma chora, vida bandida
Não teve chance, o lado negro não perdoa
Te escolhe, não há saída
Além da Nova Ordem, quero viver
Com a minha paz eu não bato de frente
Eu tenho mil motivos pra vir lhe dizer
A fé sempre responde em nome dos ausentes
No crime, vida curta é o regime que impera
Lembrei do Papo Reto, se "já é, ou já era"
Se não era, vou no vácuo, "pelagroso", não sou pato
Malandragem não procede, vacilou, cai do cavalo
Como todo o mau malandro, não demora, um dia cai
Diga-me com quem andas, te direis pra onde vais
Valorizo a minha banca, os confirmado, é nós no peito
Nas fitas, com as minas, correria , não tem preço
Entra no pacote, proceder, sabe qual é
Mulher, paz e dinheiro, paz dinheiro e mulher
Cada um sabe o que busca, cada um busca o que quer
Pilantragem, mal olhado, proceder no que vier
Se vacilou, sim, foi com a cabeça fraca
E o mal quis, falhou, foi com a cara na calçada
E o sangue corrente, quente, em frente, cara marcada
Vida real, o bem e o mal, a chama se apaga
Baratinado com um barato novo é na área
Uns manos corrompido a dançar sobre a navalha
E correria, passa fumo, passa pedra, passa pó
Malandro bem tramposo, foi, caiu no xilindró
Trampo de fé, não levou fé, mas o sistema não tem pena
Empresário do crime já falido, o inimigo: a sua própria cegueira
Não demora, ilusão, vai ladrão, que a teta seca
A mão de ferro quebra, tentando tirar leite de pedra
O vício do próximo é um grande negócio
Impera o ódio sem segredo, a morte é um mercado próspero
O próximo pode ser você, que não sabe, não sente, não vê
Além da Nova Ordem, quero viver
Com a minha paz eu não bato de frente
Eu tenho mil motivos pra vir lhe dizer
A fé sempre responde em nome dos ausentes