Sangue no sertão
Jumenta paridaDessa seca que castiga
Vou pra longe dos 'coroné'
Pr'onde eu posso ser livre
Vou pra Belo Monte, o Arraiá dos Canudos
Causa que a vida lá é igual pra todo filho de Deus
Antônio Conselheiro é um homem santo
Que dá esperança pro arraiá
Ele diz que o sertão ainda vai virar mar
Se 'ocê' 'qué' um remédio santo
Lenitivo bom pra tudo
Vá atrás de Conselheiro
Que ele tá lá nos Canudo
Alegria de pobre dura pouco
Já querem acabar com nosso paraíso
Vão simbora seus cabra da peste
Que 'nóis' num 'mexemo' com vocês
Vão simbora seus cabra da peste
Que 'nóis' num 'mexemo' com vocês
Mas se vierem vão comer bala
Porque a gente não vai se render
Prepara as facas e as espingardas
Não importa o que vai acontecer
Final de guerra, gente sem cabeça
Criança morta ou indefesa
Os urubu de cano escreveram ao presidente
Que já tão de bico fino de comer carne de gente
De comer carne de gente