Kiko goulart

Tardezinha

Kiko goulart
Quem andar pelo galpão, fim de tarde veraneiro
Vai ouvir chegar primeiro um assobio sem motivo
Só se assobia no más, deve ser o capataz
Que volta batendo estrivo
Deve ser o capataz que volta batendo estrivo

Enquanto isso, inda' longe, em algum campo dobrado
Um peão mensual contrariado campeia vaca perdida
La pucha, não fecha as conta' e ainda é vaca da ponta
Daquelas recém parida'
La pucha, não fecha as conta' e ainda é vaca da ponta
Daquelas recém parida'

Peiteira e xerga suada', tardezinha veraneira
N’alguma estância fronteira, desencilha a gauchada
E o domero, que é falante, se gavando a todo instante
Dos pingo' da boca atada
E o domero, que é falante, se gavando a todo instante
Dos pingo' da boca atada

Corre o mate, corre a prosa e a charla é bem corriqueira
-Se quarteou minha barrigueira! -Ficou no chão o alambrado!
-Faltou, no rodeio, um touro! -Amanhã, casqueio o Mouro!
-Cortou a pata o Bragado!
-Faltou, no rodeio, um touro! -Amanhã, casqueio o Mouro!
-Cortou a pata o Bragado!

Despacito, alguém se afasta, sai da roda disfarçando
Há tempos que vem rondando a chinoca da cozinha
Mas só lhe encontra a essa hora, que já escureceu lá fora
E vai morrendo a tardezinha
Mas só lhe encontra a essa hora, que já escureceu lá fora
E vai morrendo a tardezinha

Peiteira e xerga suada', tardezinha veraneira
N’alguma estância fronteira, desencilha a gauchada
E o domero, que é falante, se gavando a todo instante
Dos pingo' da boca atada
E o domero, que é falante, se gavando a todo instante
Dos pingo' da boca atada

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