Kimani

Manifesto - the handmaid's tale

Kimani
Meu corpo sangra, senhor, tem dó
E há quanto tempo eles determinam nossas vidas
Vestindo azul ou vermelho, no final, somos todas inimigas?
Eu não me reconheço sob o olhar Dele, nem a sua voz
Nos dividir e separar é o plano do algoz
Eu sei, cada um sabe bem a dor de ser o que é
Mas quem é que quer sentir na pele o que passa uma mulher?
Abençoado seja o fruto! Criada pra servir a qualquer custo
Só reproduzir, só reproduzir
E desde quando o senhor se preocupa com o que eu vou sentir?

O que queres de mim, meu bom senhor?
Se eu tenho um preço, mas minha profissão não tem valor
E eu digo: A liberdade sempre foi palavra ausente no nosso vocabulário
Mulheres de um lado, liberdade do outro, nós nunca andamos do mesmo lado
E tá claro, nós, sexo frágil do lar, somos o capacho
Meu corpo ao outro pertence, meu corpo é só pertence
Quarto de despejo não tem espaço pra quem sente

E o que sente? Que corpo treme ao deleito de outrem
Mulher não tem direito a nada, só o outro tem
Todos os dias um abuso, um corpo roubado
E o gosto amargo de ser descartável
Padrão tipo Offred, Ofglen
Perde o nome, a identidade e segue a sina
Reproduza, linda menina
Não! Minha luta nunca será em vão
As minhas não tardarão, não silenciarão e a isso eu não me presto
Mostra pra eles, mulher, que estar viva por si só já é um manifesto

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