Lenita gentil

Tia macheta

Lenita gentil
O amante não aparecera
Triste Severa
Sempre fiel
Chamou a tia Macheta
Velha alcoveta
P’ra saber dele

A velha pegou nas cartas
Sebentas fartas
De mãos tão sujas
E antes de as embaralhar
Pôs-se a grasnar como as
Corujas

Ele não vem, minha filha
Di-lo a espadilha
Há maus agoiros
Há também uma viagem
Um personagem
A dama d’oiros

Este conde é o meu fraco
Tome um pataco
Tia Macheta
A velha guardou as cartas
De sebo fartas
Sob a roupeta

Caíram três badaladas
Fortes, pesadas
Três irmãs gémeas
Cá fora nos portais frios
Cantam vadios
Feias blasfémias

O fidalgo não voltou
Severa o esperou
Até ser dia
E desde essa noite é que
Existe
O fado triste da Mouraria

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