Leonicio

Declínio

Leonicio
Pesadelo de um homem é ver a sua mãe chorar
Vivendo sem reclamar, pois a vida é uma ameaça
Quem sofre todo dia, se interroga e se maltrata
Tempo consome o tempo, quem fica na ponta da faca?

Filho atormentado, sem reação, nesse mundo
Pai sendo algemado, conquista um espaço ao fundo
Na cela, que prende a mente e não o corpo
A chance é zero, não tente pedir socorro

Assalto ao banco, carro da moda, moto veloz
Dinheiro saqueado, esfaqueando os playboy
Sangue derramado, na margem da calçada
Puta sente medo, mas não joga a toalha, fica na praça

Enquanto faço minha vingança
Talvez seja a vontade de acertar minhas próprias contas
O gueto é místico, pra muitos será mistério
Eu digo que onde vivo é um castelo de critérios

Em baixo da verdade, quem não tem procura o seu
O céu não é meu limite e da minha vida cuido eu

Quem tem vida boa, vive num barraco moderno
Infância, lembrança, mãe solteira e cemitério
Lista apagada, sem rastro pelo caderno
38 balas, direto pro necrotério

A paz é feita de sangue, enquanto houver desigualdade
Herói morre na guerra e não existe majestade
Aqui a maioria passa por necessidade
Com os olhos fechados, mesmo assim vejo maldade

Penso no futuro, pois, espero o que me espera
Não tente entender o que se passa na minha reza
No meu dia a dia, cada dia uma guerra
Lutando e separando o mal e o bem da favela

É um declínio que foge da vida real
Cada um paga seu preço, cada um tem um final
Cansado de aguardar por esperança a vida inteira
Tapando o rosto do sol infelizmente com a peneira

Em baixo da verdade, quem não tem procura o seu
O céu não é meu limite e da minha vida cuido eu

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