Balada triste do progresso (as artes domésticas)
Letícia couraPara provar o seu ardor coração aberto e dor
Hoje tudo é diferente tudo mudou que horror
Para viver um grande amor é só dizer suavemente
Ah, benzinho, me dá um beijinho e te darei
Uma geladeira
Uma batedeira
Uma nhoqueira
E um aparelho de fondue
Uma cafeteira
Uma assadeira
Uma frigideira e um disco do cauby
Une tourniquette pour faire la vinaigrette
Um belo aspirador pra tirar o fedor
Um lençol elétrico
Lavadora automática
Bicicleta ergométrica e um computador
Antes se acontecia uma separação
Muito chué ia-se embora deixando a louça e o fogão
Hoje o que é que você quer saber quanto é o meu salário
Eu tranco tudo no armário e digo daqui eu não saio
Ah, benzinho, peça desculpas de joelhos
Senão eu fico com tudo pra mim
Minha geladeira
O meu faqueiro
A minha cristaleira
E o aparelho de jantar
Meu aquecedor
Meu ventilador
Meu ferro a vapor
E a máquina de lavar
A tourniquete de fazer vinagrete
As minhas facas ginsu
E o meu jogo de pinos
E se em desatino ela te xinga e chora
Você põe pra fora e confia seu destino
À geladeira
Ao espana-poeira
Ao esquenta-mamadeira
Ao novo vaporetto
À bandeja de prata
Ao espanta-barata
Ao livro do gasparetto
E bem depressa você desiste dessa
E aparece uma outra
E mesmo que seja louca
Você diz meu bem
Você precisa de alguém
Pra dividir despesa
E comer na mesma mesa
E vive-se assim
Num vai e vem sem fim