Amansando de garupa
Lisandro amaral
Eu junto os segredos dormidos no pala
Se a noite resvala, aroma e sabor
Recolho da soga meu pingo que sabe
Porque em silêncio roubei uma flor.
Se a noite resvala, aroma e sabor
Recolho da soga meu pingo que sabe
Porque em silêncio roubei uma flor.
Gelado de inverno, o orvalho de julho
Cabresto no punho e ainda ressona
O amor da cordeona, convite ao pecado
Com a china do lado sentei a carona.
Romance que encilho de noite, pampeiro
Permisso gaiteiro me chama um carinho
E levo na anca com cheiro de lua
A pluma que a noite soprou pra o meu ninho.
Eu junto os segredos dormidos no pala
Se a noite resvala, cordeona e luar
E amanso de anca meu mouro que sabe
Porque em silêncio roubei teu olhar.
Gelado de julho e a geada se estende
E a lua me entende, clarão no caminho
Me arranca os espinhos em um sopro materno
E esquenta o inverno com a flor do meu ninho.
Tranco largo, fim de noite
E a madrugada derramando o serenal
Tranco largo, o rancho é longe
E hoje amanso de garupa o meu bagual.
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