A marca da ferradura
Lourival dos santosCom um rico fazendero
Um home sem religião
O seu deus éra o dinhero
Foi assim que ele disse
No meio dos companhero
Na aparecida do norte
Que é a terra dos romero
Na igreja entro à cavalo
Neste meu burrão ligero
Quem quizé fazê uma aposta
Tenho muitos mil cruzero.
Ele teve uma resposta
Sem demora ali no meio
Dum veinho religioso
Que lhe deu este consêio
Na aparecida do norte
Nóis devemo ir de juêio
O coitado do veinho
Ele já surrou de rêio
Quero mostrá pra vocêis
Que de nada não receio
Saio daqui no meu burro
Só no artá que eu apeio.
Ele saiu de viagem
Na aparecida chegô
Era de manhã cedinho
Quando a missa começô
Chegando no pé da escada
O seu burrão refugô
Sua espora sangradera
Sem piedade funcionô
O burrão foi judiado
Mais na igreja não entrô
O que o dono não respeitava
Seu burrão arrespeitô.
Esta cena verdadera
Muita gente presenciô
O burro deu um corcóve
E seu dono ele matô
O dinhero compra tudo
Mas a morte não comprô
A alma do fazendero
Com certeza não sarvô
Bem na porta da igreja
Onde o burrão refugô
A marca da ferradura
Lá na escada ficô.