Ela
Lucas ka'abMarido chega mais um dia
Com falsa desculpa que bebeu demais
Porta trancada, crianças no quarto
Vizinhos fingindo que não pega nada
O máximo que um deles vai fazer
É dizer é que ela apanha porque é safada
Se esconde na copa, concentração
Luzes apagadas, terço numa mão
Rezando para que o marido não a encontre
E os filhos não ouçam aquela confusão
Escuta o estrondo, barulho de vidro
Sabe que ele entrou pela janela
Com uma voz rouca ele anda na casa
Quebrando tudo e chamando por ela, oh!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Na manhã seguinte, seu filho mais novo
Pergunta pra mãe sobre o rosto inchado
Ela, amorosa, se força a dizer
Que caiu da escada e ganhou um machucado
O marido levanta, nada mudou
Age como se ainda fosse bem vindo
Dizendo que ama, fazendo carinho
Como se nada tivesse acontecido
Ele sai, ela pega o celular
Pensa nos contatos que pode ligar
Mãe virou as costas, amigo virou as costas
Está sozinha sem ninguém pra contar
Depois de fazer várias ligações
E receber vários nãos de resposta
Ela olha o relógio, são quase 10
Sabe que em breve o marido vai tá na porta
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
22:30 marca o relógio
Sabe que o tormento vai começar
Escuta os passos do homem na varanda
É questão de tempo até ele entrar
Vai até a cozinha e pega uma faca
Pensa que hoje vai ser diferente
Ele entra na casa cheirando a álcool
Dizendo que hoje estava contente
Ao ver faca na mão da esposa
Sorri pois sabe que é muito mais forte
Para ela conseguir se livrar
Ela vai ter que contar com a sorte
Ouve-se gritos de uma briga intensa
Os filhos correm naquela direção
E ao chegar na sala veem o corpo da mãe
Estirado no chão
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!
Eu tô farto disso!