Maria, carnaval e cinzas
Luiz carlos paranáPerdia a noite, ganhava o dia,
Foi fantasia seu enxoval,
Nasceu Maria, no carnaval,
E não lhe chamaram,
Assim como tantas,
Marias de santas,
Marias de flor,
Seria Maria,
Maria somente,
Maria semente,
De samba e de amor,
Não era noite e não era dia,
Só madrugada, só fantasia,
Só morro e samba,
Viva Maria,
Quem sabe a sorte lhe sorriria,
E um dia viria,
De Porta-Estandarte,
Sambando com arte,
Puxando cordões,
E em plena folia,
De certo estaria,
Nos olhos e sonhos,
De mil foliões.
Morreu Maria, quando a folia,
Na Quarta-feira, também morria,
E foi de cinzas, seu enxoval,
Viveu apenas, um carnaval,
Que fosse chamada,
Então como tantas,
Marias de santas,
Marias de flor,
Em vez de Maria,
Maria somente,
Maria semente,
De samba e de dor,
Não era noite e não era dia,
Somente restos de fantasia,
Somente cinzas, pobre Maria,
Jamais a vida lhe sorriria,
E nunca viria, de porta-estandarte,
Sambando com arte,
Puxando cordões,
E não estaria, em plena folia,
Nos olhos e sonhos de seus foliões !