Chalana/ meu reino encantado
Luiz dos reisBem longe se vai
Riscando o remanso
Do rio paraguai
Oh! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando o meu amor
E assim ela se foi
Sem de mim se despedir
A chalana vai sumindo
Lá na curva do rio
E se ela vai magoada
Eu bem sei que tem razão
Por ingrato, eu feri
O seu meigo coração
Eu nasci num recanto feliz
Bem distante da povoação
Foi ali que eu vivi muitos anos
Com papai mamãe e os irmãos
Nossa casa era uma casa grande
Na encosta de um espigão
Um cercado pra apartar bezerro
E ao lado um grande mangueirão
No quintal tinha um forno de lenha
E um pomar onde as aves cantavam
Um coberto pra guardar o pilão
E as traias que papai usava
De manhã eu ia no paiol
Um espiga de milho eu pegava
Debulhava e jogava no chão
Num instante as galinhas juntavam
Nosso carro de boi conservado
Quatro juntas de bois de primeira
Quatro cangas, dezesseis canseis
Encostados no pé da figueira
Todo sábado eu ia na vila
Fazer compras para semana inteira
O papai ia gritando com os bois
Eu na frente ia abrindo as porteiras
Nosso sítio que era pequeno
Pelas grandes fazendas cercado
Precisamos vender a propriedade
Para um grande criador de gado
E partimos pra a cidade grande
A saudade partiu ao meu lado
A lavoura virou colonião
E acabou-se meu reino encantado
Hoje ali só existem três coisas
Que o tempo ainda não deu fim
A tapera velha desabada
E a figueira acenando pra mim
E por ultimo marcou saudade
De um tempo bom que já se foi
Esquecido em baixo da figueira
Nosso velho carro de boi
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