Terra seca
Lypy de oliveiraEm todo canto que eu vejo
Entre as cercas entre os becos
E esse sol quente que rasga
No meio das matas na cabeça nas latas
Quentura que maltrata
Eu vejo terra rachada
No asfalto até fumaça ta tinindo
Até mesmo pro meu povo nordestino
Acostumado ta difícil viu menino
É um centenário, seca do quinze pra cá
Foram léguas pra andar obrigados a migrar
Em busca de um lugar só pra lá e pra cá
Mas terras secas e sem vida mano tinha que lutar
É tipo vida e morte severina em busca
De um paraíso, mas nada tinha por lá
Ta faltando água, ta faltando amor
Ta faltando bençãos pra essa terra que secou
E calce já suas pragatas com os cabrechos mais fortes
Porque a terra aqui ta seca vá a procura de outra fonte
Olha lá o carcará louco sim a voar
A procura de água, mas água aqui não à
Quer fugir dessas queimadas e voar pra outro lugar
Que bicho é esse me fala quem é aquele bicho
Conheço os que vivem por extinto
Esses vivem na ambição
Querendo sempre mais causando destruição
É devastação pra todo lado
Só vendo mata queimada
Querem sempre terras novas
Mas não ligam para a que tem
Sugando o próprio sangue até quando isso hein?
E lá vem grandes fazendeiros
Esses bois não tem herdeiros
Botam o gado pra beber
Vão construam suas máquinas
Encham as caixas d`água
Porque a vida atá acaba
Mas o comercio nunca para
Ta faltando água, tá faltando amor
Ta faltando bençãos pra essa terra que secou
Quem sabe a dança da chuva
Ou um arrasta-pé arretado
Seja capaz de fazer, chover, nesses roçados
Que cresça a plantação
Nasça milho e nosso feijão
Fartura para as mesas esperança para os irmãos
Então vai lá, são léguas pra andar
É chão pra enfrentar
De caatinga a fora a seca tá em todo lugar
De nordeste a sul de sobral a tururu
O Deus quem sabe a nossa força
Fosse igual mandacaru
Enquanto não, me ajoelho nesse chão
Seco e peço perdão
Igual clamor de aboiador
Pedindo ó nosso senhor
Que o inverno seja bom
Ta faltando água, ta faltando amor
Ta faltando bençãos pra essa terra que secou