Moda de viagem
Manu saggioroVou tentar nesse cordel
Desfazer a tua raiva
E descrever no papel
Esse teu desassossego
E esse nó aqui no peito
Sinto muito em deixá-la
Num momento delicado
Mas é que o meu coração
Está mesmo precisado
E meu corpo e minha alma
Já haviam reclamado
Sei que não tem mais desculpa
Pareci mesmo egoísta
Deixando todo o trabalho
Saindo, ganhando pista
Vindo cá pra muito longe
Te perdendo assim de vista
Ainda que este poema
Nada possa explicar
Peço a sua compreensão
E um jeito de me amar
Que seja mais altruísta
E me deixe navegar
Essa é minha natureza
Viajar é minha cura
Andar solta e sem rumo
Liberta do que me anula
Sentindo pulsar nas veias
A vida fluindo pura
Desato nós apertados
Tenho tempo para mim
Ponho os meus pés na terra
Como sou feliz assim
Pois a vida não espera
E o horizonte é sem-fim
Movendo o corpo com graça
Ando por necessidade
Carrego só o alimento
Bem distante da cidade
Tomo chuva, beijo vento
Sol, luar e eternidade
Olhando a vida que levo
Sob outro ponto de vista
Enxergando com clareza
Cada dor, cada conquista
Habitando paraísos
Sem agir como turista
Em cada ponto que pouso
Me aproprio da vivência
Daquela gente nativa
E de sua experiência
Me doando por completo
Resgatando a minha essência
A viagem logo acaba
Volta a vida rotineira
O retorno acasa é certo
Volta a vida tão ligeira
Que a paz nem chega perto
E se chega é passageira
Mas, meu bem, desculpe a prosa
A delonga, a falação
Estou aqui para mostrar
O que diz meu coração
E se possível, receber
Seu carinho e seu perdão
Minha amada senhorita
Já, já, volto para casa
Inundada de energia
Saudável e amorosa
E te cobrirei de beijos
Em imensa alegria